quinta-feira

PROMOÇÃO

Programa de Pós-Graduação em Ciências da Linguagem/Univás
Coordenadora: Profa. Dra. Eni de Lourdes Puccinelli Orlandi

Núcleo de Pesquisas em Linguagem - Nupel
Coordenadora: Profa. Dra. Ana Cláudia Fernandes Ferreira
anaclau@ymail.com

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ENDEREÇO

Universidade do Vale do Sapucaí - Univás
Salão de Eventos (auditório) Unidade Fátima
Endereço: Av. Prefeito Tuany Toledo, 470 - Fátima
Pouso Alegre - MG, Brasil

http://www.univas.edu.br/

PROGRAMAÇÃO




09h30 – Café
10h00 às 12h00 – Seminários da manhã
COORDENAÇÃO: Profa. Dra. Telma Domingues da Silva
10h00 às 10h20

DOCUMENTÁRIO: UM LUGAR PARA A OBSERVAÇÃO DO DISCURSO

Luciana Leão Brasil (Mestranda em Ciências da Linguagem/Univás)


O documentário é um modo de contemplar o sujeito se expondo, o sujeito falando, o sujeito se constituindo, o sujeito se (dis)traindo. A partir de sua materialidade significante é possível apreciar a materialidade específica da ideologia, tratada pela análise de discurso, funcionando socialmente e tendo a língua como base material para acesso ao dizer e também ao não-dizer, ao (s) silêncio (s), ao que poderia ser dito... e que não aconteceu. O foco de nosso olhar é o documentário intitulado Nhá Chica – A Pérola de Baependi (2004). Nesse tecido fílmico, emergem discursos a propósito de Francisca de Paula de Jesus Isabel. Através desse tecido, que é o filme, de contradições e equívocos, onde o não delimitável aparece como um sentido possível, analisamos o documentário como acontecimento discursivo. Nele observamos a incompletude do espaço em seus modos de significar e o funcionamento do interdiscurso na constituição dos sujeitos. Para dar conta dessa pesquisa, lançamos mão de conceitos da análise de discurso, bem como do procedimento de recorte elaborado por Orlandi (1984), referido à intersecção de diferentes materialidades de estudo, a fim de entendermos os percursos de sentidos e suas configurações frente ao interdiscurso. Estudar o documentário em sua materialidade significante pode mostrar que ao produzir sentido, significar e identificar-se, o sujeito situa sua relação com o mundo. O que o sujeito enuncia é produzido em determinadas condições e esse processo deixa rastros. Marcas discursivas que podem ser tateadas pelo olhar e sensibilidade do analista, confrontando o dizer em relação à exterioridade.

Palavras-chave: Espaço, interdiscurso, acontecimento discursivo, documentário.

10h20 às 10h40

O ESPAÇO PERIFÉRICO NA TENSÃO ENTRE OS SABERES: A FALA DA CIÊNCIA, A FALA JURÍDICO-ADMINISTRATIVA, A FALA DA RUA.

Fábio Ramos Barbosa Filho (Mestrando em Lingüística/Unicamp)


O nosso trabalho visa a desenvolver uma análise dos modos de textualização do espaço periférico em três instâncias do saber: a) o discurso da ciência, representado pelas falas do urbanista, do geógrafo e do sociólogo, b) o discurso da administração pública, representado pelos estatutos, leis e planejamentos e c) o discurso urbano, representado pelas narrativas urbanas, cindido entre falas esparsas de moradores da periferia e de letras do rap. Nosso objetivo é analisar o funcionamento da tensão que se estabelece na textualização desse espaço e avaliar de que modo ela situa a diferença entre o saber ordinário (fala da rua) e o saber autorizado dos especialistas (falas da ciência e administração pública). A partir da análise dessas diferenças cabe também avaliar em que medida essas falas se entrelaçam na memória discursiva e se assentam em já-ditos da “mesma” ordem. Tendo colocado essa interface, abre-se um plano para que possamos analisar de que modo o sujeito-urbano se constitui a partir de cada uma dessas instâncias de saber e de que modo podemos relacioná-lo a um lugar de cidadania a partir da noção de tópica cívica. (Bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq).

Palavras-chave: espaço urbano, discurso, ciência, saber/poder, cidadania.

10h40 às 11h00

Os sentidos da expressão "língua materna" na Idade Média

José Edicarlos de Aquino (Mestrando em Linguística/Unicamp)


Este trabalho tem como objeto os sentidos da expressão língua materna na Idade Média. Nosso referencial teórico-metodológico é o da História das Ideias Linguísticas. Ao percorrer e analisar os sentidos da expressão no período indicado, procuraremos articular língua e metalinguagem, ou melhor, língua e discurso sobre a língua. Se uma história das ideias linguísticas envolve o estudo das instituições, dos acontecimentos e das obras (GUIMARÃES, 2004), nosso trabalho se detém sobre os escritos da Idade Média em que figuram os primeiros registros conhecidos da expressão língua materna –  disseminada por toda Europa medieval a partir do século XII d.C. Antes desse período, há apenas um único registro de tal denominação, nas Metamorfoses, de Ovídio, onde se lê: illic inmeritam maternae pendere linguae, Andromedan poenas iniustus iusserat Ammon, tratando-se, nesse caso, não de língua, mas de fala, pois, na Antiguidade Clássica, eram os significantes lingua propria, lingua nativa, lingua sua ou nativa lingua que se empregavam para nomear a primeira língua, sentido hoje atribuído à língua materna. Da mesma forma, quando se queria nomear a língua da tradição, das origens, outro sentido atribuído à língua materna, o termo empregado era sermo patrius (língua do pai). Esta era a língua falada em Roma: o sermo patrius (ou lingua patria), o latim, língua na qual eram feitas a liturgia, as gramáticas, os tratados de lógica e retórica, bem como as diversas atividades intelectuais e científicas. Por outro lado, ao longo dos séculos X e XI, período em que “o latim é antes de tudo uma língua que se deve aprender” (AUROUX, 1992, p. 42), os vernáculos eram chamados lingua rusticana ou rustica, sermo rusticus, rustice, pagensis lingua, lingua rusticorum, romana lingua, romane e, finalmente em 1119, materna lingua. Todos esses registros são encontrados em textos escritos em latim e a expressão língua materna aparece aí em oposição justamente ao latim. A partir de Dante Alighieri, a expressão língua materna é escrita em língua materna, possibilitando uma nova rede de sentidos. Adiantamos como resultado do nosso trabalho que a língua materna é uma invenção do Ocidente medieval, forjada diante da língua paterna (patrius sermo, o latim) em um duplo movimento: da língua paterna, pensada enquanto estrutura, surge a língua materna, outra estrutura, pois do latim nascem os vernáculos, e, da língua paterna, pensada enquanto discurso(s) sobre a língua, surge a língua materna, outro(s) discurso(s) sobre a língua. (Bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – Fapesp).

Palavras-chave: História das ideias lingüísticas, língua materna, língua paterna, Latim, Idade Média.

11h00 às 11h20

SUJEITO, LÍNGUA ESTRANGEIRA E SENTIDO – EXPERIÊNCIAS DISCURSIVAS NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DE LÍNGUA INGLESA EM CURSO DE LETRAS

Valéria Regina Ayres Motta (Mestre em Ciências da Linguagem/Univás)


Neste trabalho estudamos a relação do sujeito brasileiro com a língua inglesa em um contexto de produção de ensino-aprendizagem desta língua. Nossa pesquisa encontra suas bases teóricas na Análise de discurso de Linha Francesa em sua relação constitutiva com a psicanálise e a história. Partimos da análise de textos produzidos por alunos em aulas de língua inglesa de um curso de Licenciatura em Letras para refletirmos teoricamente o processo de inscrição desses sujeitos na ordem de língua alvo (cf.Celada 2010). Consideramos, a partir dos estudos de Celada (2002, 2008) que tal processo seja constitutivamente um processo de subjetivação e que as marcas produzidas neste processo, tratadas por esta autora (idem) como “fatos de linguagem” são marcas do confronto simbólico que envolve a memória do dizer desses alunos, constituída em língua materna e a memória que se quer constituir em língua alvo.  Os princípios de autoria (cf. Orlandi, 2001, 2004, 2005) são articulados na análise de dois poemas, um em LM e sua tradução / autoria para a LI, nos quais flagramos marcas de memória da / na língua estrangeira (cf. Payer, 2006). Também pudemos movimentos subjetivos que indicam sujeitos com poucos recursos da memória da língua inglesa, e que se lançam nessa língua pela escrita. E finalmente, pudemos perceber os efeitos de se privilegiar um processo de ensino-aprendizagem de língua estrangeira levando em consideração os aspectos da subjetividade do aluno-professor. No decorrer do processo, esses sujeitos demonstram se identificar com o modo discursivo de aprender-ensinar língua estrangeira, passando a questionar os métodos tradicionais estritamente estruturalistas.

Palavras-chave: Língua estrangeira, língua materna, memória discursiva, subjetividade, escrita, oralidade.

11h20 às 12h00 – Discussão
14h00 às 16h00 – Seminários da tarde
COORDENAÇÃO: Profa. Dra. Mirian dos Santos
14h00 às 14h20

O FUNCIONAMENTO DA PARÁBOLA NAS OBRAS
O ALQUIMISTA E O DIÁRIO DE UM MAGO DE PAULO COELHO

Ana Cláudia Aquino Silva (Graduanda em Letras/Univás)


Este trabalho apresenta uma análise do funcionamento narrativo das obras O Alquimista e O Diário de um Mago, de Paulo Coelho, sob os conceitos da Análise de Discurso de origem francesa. Percebemos que entre essas duas obras funciona uma mesma parábola, que, por sua vez, é uma marca, segundo Eni Orlandi, do discurso religioso. Uma repetição de estrutura (em que os protagonistas de ambas as obras passam por vários acontecimentos em comum) e de temas (buscas pelos sonhos, felicidade/sucesso, infelicidade e coragem, por exemplo) se apresentam nas duas obras, nos levando à afirmação de que nelas funciona uma mesma parábola. Também afirmamos a presença de uma parábola porque o funcionamento discursivo das narrativas analisadas tem um caráter catequista, que, através de uma linguagem simbólica, funciona de modo a “ensinar” um caminho para a felicidade. Nas obras analisadas encontramos marcas e propriedades do discurso religioso. Segundo E. Orlandi, a propriedade é uma característica do discurso percebida na sua totalidade, tem relação com a exterioridade, e a não-reversibilidade é uma propriedade do discurso religioso. Para a mesma autora, as marcas são características ligadas à organização do discurso, e são marcas do discurso religioso a parábola, a metáfora e a paráfrase. Além do discurso religioso das obras O Alquimista e O Diário de um Mago, este trabalho apresenta uma relação de intertextualidade explícita entre os livros analisados e a Bíblia. Ao longo dos livros são feitas remissões, de diversos tipos, ao texto bíblico, de modo a ativar no leitor o que temos chamado no trabalho, de memória bíblica. Resta-nos refletir: que efeitos de sentido essa relação de intertextualidade produz?

Palavras-chave: O Alquimista. O Diário de um Mago. discurso religioso, parábola, Bíblia.

14h20 às 14h40

A política de línguas no espaço de enunciação latinoamericano

Gabriel Leopoldino dos Santos (Mestrando em Lingüística/Unicamp)


Propomo-nos, neste trabalho, analisar um recorte do texto da Declaração Universal dos Direitos Linguísticos e um recorte de um conjunto de entrevistas feitas com alunos e professores do Professorado em Português da Universidade Nacional de Entre Ríos (UNER), na Argentina. Desse modo, objetivamos observar o modo de funcionamento semântico do enunciador universal no texto da Declaração e do enunciador individual no recorte feito das entrevistas mencionadas anteriormente. Levando-se em consideração que as perspectivas enunciativas dos enunciadores são uma questão importante para a Semântica do Acontecimento, acreditamos que nossas análises trarão uma certa visibilidade para compreendermos uma parte da política de línguas presente no espaço de enunciação latino-americano. (Bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – Fapesp).

Palavras-chave: espaço de enunciação, política de línguas, relação entre línguas, enunciador individual, enunciador universal.

14h40 às 15h00

A CONTRIBUIÇÃO DO DISCURSO DIGITAL PARA
A CONSTRUÇÃO DA EMPREGABILIDADE DO INDIVÍDUO NA SOCIEDADE PÓS-INDUSTRIAL

Allyson Vitale
(Mestre em Ciências da Linguagem/Univás)


No presente texto, através da análise do discurso digital e seu alcance social, procura-se realizar uma avaliação crítica do desenvolvimento tecnológico imposto à sociedade na relação entre tecnologia e emprego, considerando sua complexidade e conflito, sempre afetada por aspectos macroeconômicos sociais mais amplos. Nesse sentido, observa-se que hoje essa relação se constrói em meio a um processo de globalização, desregulação dos mercados e redução da capacidade regulatória do Estado, o que acelerou a necessidade de adaptação do indivíduo a essa nova situação em que o discurso das tecnologias de informação atuam como importante força motriz que afeta o modo como as informações são produzidas, como circulam e a forma como as pessoas aí se colocam. Tais inovações incidem em diversos aspectos da vida em sociedade com especial impacto na empregabilidade. A paisagem urbana das cidades altera-se em função da digitalização das relações e o sujeito construirá positivamente sua empregabilidade tanto melhor se adapte a tais transformações tecno-sociais cuja sustentação está no funcionamento do discurso digital.

Palavras-chave: discurso digital, empregabilidade, tecnologias da informação, globalização.

15h20 às 15h40

O não-todo do método da Análise de Discurso: 
sentidos de amor no espaço público urbano

Eduardo Alves Rodrigues (Doutorando em Lingüística/Unicamp)
Luiza Kátia Andrade Castello Branco (Doutoranda em Lingüística/Unicamp)


Neste trabalho, discutimos a questão do método em sua especificidade no quadro teórico-metodológico da Análise de Discurso materialista, considerando suas implicações para a prática analítica discursiva. Mostramos que, na Análise de Discurso, a relação entre teoria, método e análise é tensa porque expõe-se e dispõe-se nas dimensões da incompletude e da opacidade, apontando para a necessidade de ser "conformada" em análise. Nessa perspectiva o método não visa à universalidade, ou à generalização ou à completude dos resultados, pois não aponta para um território previamente delineado; constitui-se concomitantemente ao movimento mesmo de  análise que, enquanto processo, é apreendida, em seus resultados, num "só-depois". Nesse sentido, o não-todo do método em Análise de Discurso se coaduna com a natureza errante do movimento não-todo sujeito-sentido e com a deriva própria aos processos de significação e às discursividades que os historicizam. Procuramos materializar nossa discussão a partir de um exercício analítico sobre recortes de parte de um corpus organizado em torno da temática do amor, em face do qual perguntamos pela relação entre amor e rua, isto é, como o amor é significado no espaço público urbano. A análise permitiu-nos "pôr em relação a" o outro possível do/no/para o sentido como modo de significar a relação linguagem/sujeito/espaço em movimento na história. Na tensa relação entre descrição e interpretação, entre teoria e método, entre o dito e o não-dito, pela ferramenta do exercício parafrástico, pudemos dar visibilidade à "relação a" que funda a deriva e o devir dos sentidos de amor na rua e da rua no amor; sentidos constituídos pelo trabalho da história (contradição), que instaura o lugar em que a incompletude e o possível não cessam de se escrever. (Eduardo Alves Rodrigues é bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Capes).

Palavras-chave:  Análise de Discurso materialista, método, discurso, amor, espaço público urbano.

15h40 às 16h00 – Discussão
16h00 – Café